Noto gritos de crianças e um cachorro a ladrar lá fora. Percebo, também, alguém abrindo a porta. Assim, bem de mansinho, como se não tivesse a intenção de me acordar. Ouço seus passos cada vez mais próximos de mim e, segundos depois, um corpo a deitar sobre o meu. Cheiro salgado de quem há pouco veio do mar. Não se mexe, mas sinto sua boca em minha nuca, enquanto sua mão agarra-se à minha.
"The ocean takes me into watch you shaking
Watch you weigh your power
Tempt with hours of pleasure"
Conheço-te, sei que não se contenta em apenas repousar seu corpo sobre o meu. De forma suave sinto sua mão soltar-se da minha e escorrer por essa coisa quente a que chamam de pele. Não vejo, apenas sinto. Seu toque é tão suave que o compararia com o toque do vento que na janela bate. Perpassa seus dedos por sobre meus seios, que dantes estavam pressionados contra os teus, e quando chegam em meu ventre, sinto o desejo aflorar por meu corpo.
"I watch you taste and i see your face
And i know i'm alive
Your shooting stars from the barrel of your eyes
It drives me crazy
Just drives me wild"
Sinto num beijo íntimo emergir o desejo de uma mulher devassa. Floresce em mim a necessidade de reciprocidade, mas meu corpo já perdeu sua força e está vulnerável ao que quer que o faça, que você faça.
Lá fora, o grito das crianças parecem-me mais alto, minha cabeça parece aprisionar algo que, por sua vez, age como se estivesse a comer meu cérebro. E então acordo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário