segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Belatriz

Beatriz era bela. 
Daquelas moças jeitosas, 
com seu vestido florido, 
sua pele alva, 
seus cabelos claros como o céu em dia de verão que 
fazendo par com aqueles olhos, 
a deixava ainda mais reluzente. 

Quando menina, 
as primeiras notas de sua vida foram as do piano. 
Antes mesmo de aprender a tocá-lo, 
já se entretinha a brincar com o charmoso instrumento. 
Charmoso como Beatriz tornou-se quando já grande.

Sua voz, macia, agradava a todos os ouvidos a que chegava. 
Beatriz tinha um bom gosto para a música. 
Mas não era só as melodias que tinham o privilégio de tê-la como guia, 
a poesia também a tinha. 
Se encontrava nos versos e se perdia, também. 
Passava horas a fio a escrever miliuma estrofe. 


Encantava-se com as histórias dos livros, 
porém, apenas com contos fantásticos
e aquelas ficções cheias de imaginação. 
Não gostava da realidade, não. 
Dizia que o mundo real não a fazia bem, e ainda indagava: 
viver na imaginação, que mal isso tem?!

Beatriz, aos dezesseis anos, foi uma exímia bailarina. 
Rodopiava, 
saltitava, 
dava piruetas no chão. 
Durante os três anos de aula, 
dedicou-se às sapatilhas como o utópico se dedica aos seus sonhos.

Do palco do ballet, 
foi para o do teatro. 
Beatriz virou atriz. 
Encenou, 
encenou, 
e brincou com a imaginação alheia. 
Brincou de ser várias personalidades, 
achando sê-los de verdade. 
Beatriz acreditava mesmo ser aquela que se vestia.

Um dia, vi Beatriz no Teatro Municipal. 
Mais linda não consegui imaginá-la. 
Seus cabelos tornaram-se mais escuros, 
seu corpo mais curvo, 
sua feição mais marcante. 
Tinha tornado-se uma mulher. 

Será que ainda com os mesmos devaneios? 
Será que ainda tinha tamanha imaginação?

Ah, me leva para sempre, Beatriz.

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