Beatriz era bela.
Daquelas moças jeitosas,
com seu vestido florido,
sua pele alva,
seus cabelos claros como o céu em dia de verão que
fazendo par com aqueles olhos,
a deixava ainda mais reluzente.
Quando menina,
as primeiras notas de sua vida foram as do piano.
Antes mesmo de aprender a tocá-lo,
já se entretinha a brincar com o charmoso instrumento.
Charmoso como Beatriz tornou-se quando já grande.
Sua voz, macia, agradava a todos os ouvidos a que chegava.
Beatriz tinha um bom gosto para a música.
Mas não era só as melodias que tinham o privilégio de tê-la como guia,
a poesia também a tinha.
Se encontrava nos versos e se perdia, também.
Passava horas a fio a escrever miliuma estrofe.
Encantava-se com as histórias dos livros,
porém, apenas com contos fantásticos
e aquelas ficções cheias de imaginação.
Não gostava da realidade, não.
Dizia que o mundo real não a fazia bem, e ainda indagava:
viver na imaginação, que mal isso tem?!
Beatriz, aos dezesseis anos, foi uma exímia bailarina.
Rodopiava,
saltitava,
dava piruetas no chão.
Durante os três anos de aula,
dedicou-se às sapatilhas como o utópico se dedica aos seus sonhos.
Do palco do ballet,
foi para o do teatro.
Beatriz virou atriz.
Encenou,
encenou,
e brincou com a imaginação alheia.
Brincou de ser várias personalidades,
achando sê-los de verdade.
Beatriz acreditava mesmo ser aquela que se vestia.
Um dia, vi Beatriz no Teatro Municipal.
Mais linda não consegui imaginá-la.
Seus cabelos tornaram-se mais escuros,
seu corpo mais curvo,
sua feição mais marcante.
Tinha tornado-se uma mulher.
Será que ainda com os mesmos devaneios?
Será que ainda tinha tamanha imaginação?
Ah, me leva para sempre, Beatriz.
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