sábado, 25 de fevereiro de 2012
Meus pulmões não são suficientes para abrigar todo o ar puro que quero guardar e levar comigo. Não o sinto sempre, por isso a vontade. Mas também não presencio sempre essa noite, não vejo sempre aquela estrela, a lua nem sempre me parece tão simpática. O ar, leve, entra por entre os caminhos que passam por dentro de mim e me mostram vida. Os pés soltos sobem e descem conforme o balanço da cadeira verde que, apesar de não ser tão confortável quanto a visão, é um apoio para apreciá-la. O livro no colo fechou-se por não receber tamanha atenção, e não é por minha culpa. Há tempos a concentração tem andado por outros caminhos. Caminhos distantes, desconhecidos, desejados. Os fones de ouvido já não emitem voz, apenas os toques de notas do piano e ondas do violino. As vozes da mente onírica já se faz completa. A noite é só um cenário propício, a cadeira um apoio físico para devaneios, a música sua trilha sonora, e os personagens...ao menos um se faz presente.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Noite sem brilho de um verão qualquer. A ausência dos raios solares, que dá lugar à presença metálica da lua, deixa tudo mais melancólico - e não precisa estar apaixonado para notar-se isso. E, na verdade, você não precisa dos raios pálidos, do cinza dos prédios, da luz amarelada da praça ao lado, do silêncio tranqüilizador e por vezes perturbador, para mostrar-me isso. Vem dos olhos vermelhos que há muito não têm vida, da pele pálida e marcada com tintas de segunda na tentativa de uma tatuagem mal sucedida, do cabelo de quem há muito não liga para vaidade – vaidade essa que era admirada por muitas no tempo em que te conheci. Vem do sorriso forçado de quem encontrou quem menos gostaria, de quem fez o que não devia. Pois, no fundo, és uma criança de quatro anos de idade que comete o erro por impulso, ciente de sua grandeza, e depois olha para trás com olhinhos de arrependimento. Mas de nada adianta, não tens ninguém para passar a mão na tua cabeça e dizer que tudo bem, a gente conserta.
E o tal conserto tarda a vir. Ele veio. Ele tentou, ao menos.
E não se sinta envergonhado por minha causa. Você tem todos os motivos para estar assim.
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