Nada mais lhe importava. Pegou suas coisas daquele lugar e foi para outro mais calmo pensar sobre sua vida. Analizou-a minunciosamente e, a cada pensamento diferente, sua raiva aumentava mais, até chegar ao ponto de colocar seus fones de ouvido a fim de cessá-los, pois estes já começavam a impulsioná-lo a tomar atitudes indevidas. O fato é que estava cheio da rotina que levava, cansado de conviver com aqueles amigos, com sua namorada e suas idas ao shopping ou a qualquer droga de lugar que lhe trazia tédio ao invés de entretê-lo.
Enclausurou-se por um certo tempo em seu quarto, com seus livros e o fiel fone de ouvido. Porém, o afastamento começou a incomodá-lo, sentia falta do calor humano, dos afagos, das risadas. E, além do mais, já até havia se esquecido do que tanto o incomodava nas pessoas. Entretanto, ao voltar a frequentar sua roda de amigos, notava certa diferença entre eles e muita indiferença para com seus assuntos. Ou seja, aquele tempo que passara distante, fez com que se esquecesse dos péssimos defeitos, mas o tal encontro, após tanto tempo, mostrou-o que isso só piorara.
Sentia-se deslocado diante daquelas pessoas. Todas com interesses tão fúteis, discutindo coisas ridículas ao seu ver. Passou a ter aversão por aquele ambiente. O que anos atrás o agradara tanto, agora dava-lhe apenas momentos tal qual aqueles filmes de comédia de quinta.
Lembrou-se, então, que há muito tempo atrás planejara mudar-se para a cidade a qual admirava desde muito pequeno. E foi a partir daí que iniciou o culto à indiferença para com essas pessoas de sua cidade. Talvez não fosse mais para estar aqui. Gostaria de não mais estar aqui.
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