quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um ou doze, dois ou vinte e quatro

De que servem os números?
Denotam as mudanças, dizem uns. Um ano após, estou mudada. Dois anos depois, somos os mesmos. Os números, afinal, de nada significam.
Um ano, para mim, foi o bastante para descobrir coisas novas, aprender o suficiente para amadurecer. Um ano, para ti, serviu para o mesmo fim. Afinal, está diferente também. O fato é que estou aqui, a te ver dois anos depois daquele fim. E veja, apesar de diferentes, agimos da mesma forma que agiríamos há dois anos. Eu, com meus doze meses de amadurecimento, e você, você...
Você que talvez tenha vivido coisas diferentes, ou a mesma daquele tempo, repetidamente. As coisas contadas assim, num encontro para reencontro, de nada valem. Pois, não sei se sabes, mas são coisas superficiais. São para mostrar o melhor que tivestes nesse tempo, ou seja, são contadas apenas as coisas boas. Entretanto, como bem sabemos, as ruins, que são as responsáveis pelo envelhecimento mental, são deixadas para lá, ou escondidinhas em um canto da mente. Não te recrimino, guardei para mim coisas que queria que não soubesses também. Mas diferente ti, tive outro motivo. Sei como ainda és, isso o tempo não te mudou. Recriminaria, decerto, meus erros e falhas. Friamente, apontaria os defeitos que ainda tenho. Isso doze meses, um ano, incontáveis experiências, ou quaisquer denotações de números e classificações de fatos que tenha tido, não conseguiram te tirar.
Hipocrisia minha estar aqui, acusando-te de apontar sempre meus defeitos, e fazendo o mesmo. Mas permita-me que o faça, apenas para, conseguinte a isso, dizer que esse é um dos poucos motivos que fazem eu querer me afastar de ti. É esse um dos motivos que mantem longe o meu corpo, que tanto te deseja. Mas, veja bem, é algo indescritível o tal desejo. Deve ser teu cheiro, ou a temperatura de tua pele. Ou os dois.
É no silêncio que nos entendemos. Nossa relação não precisaria de palavras. Poderíamos fazer uma morfologia de nossas conversas, desfragmentá-las e transformar o verbo, por exemplo, em ações; o substantivo, em gestos; os adjetivos, em sentimentos; e os artigos, seriam eu e você. Para quê palavras? Elas não mostram quem de fato você é, e sim quem você quer ser.
Enfim, números são relativos em seus significados e definições. O seu um ano, não foi o mesmo que o meu. E os doze meses então! Mas apesar dos números ter nos mudado em alguns aspectos, não mudaram aquilo que acima disse não precisar de palavras.

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