sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Noite sem brilho de um verão qualquer. A ausência dos raios solares, que dá lugar à presença metálica da lua, deixa tudo mais melancólico - e não precisa estar apaixonado para notar-se isso. E, na verdade, você não precisa dos raios pálidos, do cinza dos prédios, da luz amarelada da praça ao lado, do silêncio tranqüilizador e por vezes perturbador, para mostrar-me isso. Vem dos olhos vermelhos que há muito não têm vida, da pele pálida e marcada com tintas de segunda na tentativa de uma tatuagem mal sucedida, do cabelo de quem há muito não liga para vaidade – vaidade essa que era admirada por muitas no tempo em que te conheci. Vem do sorriso forçado de quem encontrou quem menos gostaria, de quem fez o que não devia. Pois, no fundo, és uma criança de quatro anos de idade que comete o erro por impulso, ciente de sua grandeza, e depois olha para trás com olhinhos de arrependimento. Mas de nada adianta, não tens ninguém para passar a mão na tua cabeça e dizer que tudo bem, a gente conserta.
E o tal conserto tarda a vir. Ele veio. Ele tentou, ao menos.
E não se sinta envergonhado por minha causa. Você tem todos os motivos para estar assim.

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