domingo, 8 de abril de 2012

Fora o sorriso mais bonito que já vi. Dado assim, não de graça, mas por pouco. Seu semblante parecia-me cansado, suponho que de fato o estava. Dia de verão, sol a pino, transeuntes que vem e vão, que passam e não olham, que olham e não enxergam. Pessoas que julgam e não conhecem, e que, na verdade, nem querem conhecer. No entanto, se conhecesse, o que poderiam fazer? Saberia se, por ventura, desse o trabalho de tentá-lo. O fato é que não dá, o tempo não lhes permite, a pressa do dia a dia mal os deixam olhar que horas são, que dia é, ou até mesmo as últimas notícias do trágico noticiário. Afinal, o tempo não tem andado, tem corrido. E no entretanto, não há chance de olhar para os lados, para baixo, para um sorriso dado por pouco, muito pouco.

domingo, 1 de abril de 2012

Mas que falta me faz a sutileza de seu toque adocicado de menina que acabou de acordar. O olhar terno diante do profano, duas janelas negras e cintilantes que disputam minha atenção com a boca avermelhada. Ah, e quanto a pele delicada de cor fria...Frieza essa que poderia ser o motivo de seu corpo por vezes tremer; mas não é. Me fazes querer te observar, e para sempre te observar.
Felizes todas essas lembranças seriam se não desejasse ouvir sua voz. Mas, afinal, o que há em ti que não desperta meu desejo? O que não conheço, bem sei. Tal como o beijo macio que não era cobiçado antes de ser provado.
Do toque cortante do violino, da tarde lírica de um domingo, dos pensamentos de um simples menino, te desejo.

terça-feira, 13 de março de 2012

Três no meio de dozes, ou doses

Houveram felicitações de todos os modos, de vários tons, de muita ou muito pouca criatividade. A que falou apenas sobre o destinatário; como também aquela em que o destinatário era apenas um personagem por entre as linhas, brigando por seu espaço doado, contra seu egocêntrico remetente...Palavras cheias de significados semânticos e poucos sentimentos agregados, de que me servem se ali estão obrigadas? Alguns te amos me encabularam, tanto quanto outros me surpreenderam. Palavras de carinho de alguém não tão conhecido, frase seca de quem há muito ousava dizer que bem me conhecia, e bem me queria. E, é claro, como não poderia dizer que houveram versos doces num papel delicado? O que me fez, por alguns minutos, ter um êxtase de distintas sensações, esboçadas num sorriso nunca antes tão largo.

O ano mudar é mera coincidência, o que nos acontece entre uma data e outra tem outra explicação.

domingo, 11 de março de 2012

Paraíso se mudou para lá

A briza gelada segue seu rumo ao norte. Meus olhos anseiam chegar adiante dessas montanhas de diversos tons de verde, até aquelas lá no fundo que, por conta do contraste com o céu límpido, transformam-se num tom azulado. Pontinhos brancos por todo esse mar verde mostram-me que lá embaixo há vida, apesar do silêncio que se faz presente aqui. O sol que prejudica a visão e faz os olhos lacrimejarem, é o mesmo que ressalta o branco das nuvens pairando sobre as montanhas.

"Lá o tempo espera, lá é primavera.
(...) Há um vilarejo ali, onde areja um vento bom na varanda,
quem descansa vê o horizonte deitar no chão para acalmar o coração.
Lá o mundo tem razão...
"
           

sábado, 10 de março de 2012

Preciso da vastidão negra da noite; de suas luzes cintilantes que passam ora correndo, ora lentamente pela janela do carro; do vento forte e sem pressa batendo contra meu sorriso largo. O desejo de mostrar ao mundo externo o que eu crio no meu íntimo, mas querer esconder do mesmo o deslumbre que uma noite me traz.
Um brilho solitário num céu de azul profundo, casinhas a beira-estrada, cheiro de vida. Meus braços se abrem para tentar abraçar a escuridão que me acolhe, os olhos arregalados querem fotografar a vista para nunca mais esquecer. Ah, uma noite de verão a beira-estrada. Os postes passam mais rapidamente com suas luzes amareladas, e o meu destino está cada vez mais próximo, mas por mim, viveria a ver a estrada passar, a passar pela estrada. Os pontinhos são substituídos pela imensidão calma de um verde solitário, o horizonte esbranquiçado exibe a vida de uma cidade pacata. Como uma maquete de carrinhos automáticos, a observo por alguns segundos. Então tudo vai ficando mais claro, mais nítido.
E então eu chego ao meu destino.

domingo, 4 de março de 2012

Matéria absorta

Sem voz, sem toque, sem cheiro. 
Pareceria tão irreal
Se não fosse tão verdadeiro.
E ainda o é,
Mesmo que não tenha
Todos os componentes de uma verdade.

Verdade que se muda,
Transmuda;
Que se adapta ao sentimento
Quieto, sereno, liríco.

Sentimento que se adapta à situação
Situação que não se adapta ao sentimento.
Tempo que não sabe se passa rápido ou devagar...

Mente que insiste em devanear
Transformando num só os desejos e o futuro.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Meus pulmões não são suficientes para abrigar todo o ar puro que quero guardar e levar comigo. Não o sinto sempre, por isso a vontade. Mas também não presencio sempre essa noite, não vejo sempre aquela estrela, a lua nem sempre me parece tão simpática. O ar, leve, entra por entre os caminhos que passam por dentro de mim e me mostram vida. Os pés soltos sobem e descem conforme o balanço da cadeira verde que, apesar de não ser tão confortável quanto a visão, é um apoio para apreciá-la. O livro no colo fechou-se por não receber tamanha atenção, e não é por minha culpa. Há tempos a concentração tem andado por outros caminhos. Caminhos distantes, desconhecidos, desejados. Os fones de ouvido já não emitem voz, apenas os toques de notas do piano e ondas do violino. As vozes da mente onírica já se faz completa. A noite é só um cenário propício, a cadeira um apoio físico para devaneios, a música sua trilha sonora, e os personagens...ao menos um se faz presente.